Ele sempre gostou de português e chegou até a trabalhar como revisor em uma pequena editora na qual seu pai trabalhava. Tudo indicava que seu caminho seria trilhado por carreiras de Humanas, mas, no fim, seu gosto por Exatas falou mais alto e ele escolheu a Engenharia Civil. José Roberto Bernasconi, premiado como Engenheiro do Ano pelo Instituto de Engenharia, conversou com o GUIA DO ESTUDANTE para dar dicas sobre o curso e o mercado de trabalho.
Formado
em Engenharia Civil pela Escola Politécnica da Universidade de São
Paulo (Poli-USP), Bernasconi é um dos fundadores da Maubertec, empresa
que já participou de importantes obras em São Paulo como a construção de
metrôs, do Rodoanel e da ampliação da calha do Rio Tietê.
A escolha da carreira
Na
escola, Bernasconi sempre teve inclinação para a área de Exatas, mas
também gostava de português. Para ele, o interesse pela matemática é
essencial para quem quer fazer Engenharia. “Os fenômenos físicos são
expressos por meio da matemática. Quem detesta Exatas vai ter
dificuldade para seguir a carreira”, explica o engenheiro. E acredite:
apesar de gostar de estudar, não conseguiu passar na faculdade de
primeira. “Fiz um ano de cursinho e consegui na segunda vez”, conta.
O engenheiro Bernasconi se decidiu pela área Civil só depois de entrar na universidade (foto: Arquivo Pessoal)
Depois
que entrou na Engenharia, Bernasconi ficou com dúvidas sobre qual área
seguir. Estava indeciso entre Civil e Elétrica e até mesmo Eletrônica,
que era destaque entre os jovens na época. A dúvida é normal, já que, na
universidade, até hoje, todos os alunos passam por um ciclo básico.
“Era um massacre, porque não era Engenharia de fato. Tinha muita física,
matemática, mas era um instrumento para depois seguir as cadeiras de
aplicação”, lembra. No fim, Bernasconi acabou se encontrando na área de
Engenharia Civil.
Segundo
o engenheiro, o estudante não precisa entrar na faculdade com a decisão
de área já tomada, ele pode pesquisar qual ramo tem mais aptidão. Mas a
principal dica é não se preocupar se está fazendo a escolha certa ou
errada. “Faça aquilo que naquele momento lhe parece apropriado. O
importante é seguir o mais te atraí”, aconselha.
O dia a dia de um engenheiro civil
A
profissão de Engenheira Civil traz diversas opções para se trabalhar. É
o ramo da engenharia que projeta, gerencia e executa obras como casas,
edifícios, pontes, viadutos, estradas, barragens, canais e portos.
Pode-se tanto atuar em órgãos do Governo como na iniciativa privada.
Bernasconi
iniciou sua trajetória profissional ao ser convidado para abrir uma
empresa junto com um professor da faculdade, na década de 1960. Começou
na carreira como projetista. Na função, o engenheiro era responsável por
gerenciar os pedidos dos clientes e planejar projetos estruturais para
as obras. Mas, o dia a dia da profissão pede versatilidade. “Quando era
preciso construir uma estrada, muitas vezes a gente encontrava rios pelo
caminho. Neste caso não tem jeito, é preciso projetar também uma ponte
para transpor o obstáculo”, explica.
Hoje,
Bernasconi ocupa uma função mais administrativa na presidência de sua
empresa e não está mais em contato direto com a parte de execução das
obras. Mesmo assim, garante que é fundamental para um empresário do ramo
entender todos os processos da profissão. “Se você não sabe fazer, não
sabe o que será melhor para oferecer um bom serviço aos clientes”,
conta.
Oportunidades no mercado de trabalho
Atualmente,
o mercado de trabalho está aquecido para quem quer fazer o curso. Além
das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o Brasil
também está investindo em infraestrutura para receber a Copa do Mundo e
as Olimpíadas.
O
país, que já foi um exportador de mão de obra por não ter como absorver
os recém-formados, hoje busca engenheiros de fora para ocupar vagas. A
carência de profissionais qualificados é um dos problemas atuais que o
mercado de Engenharia enfrenta. “O Brasil é um país que ainda tem tudo
por ser feito: obras para a Copa e Jogos Olímpicos, aeroportos,
estradas”, conta. José Roberto explica ainda que o país precisa de, no
mínimo, 80 mil engenheiros se formando por ano para suprir a demanda. Em
2010, aproximadamente 51 mil se formaram, segundo o Censo da Educação
do Ministério da Educação (MEC).
E
a área de Engenharia Civil promete ser uma das mais promissoras,
principalmente por conta de sua versatilidade. “Um engenheiro civil faz
projeto, fiscaliza, gerência, constrói, opera, ou seja, faz um ciclo de
vida completo de um empreendimento”, aponta Bernasconi. Engana-se quem
pensa que a atuação é apenas na área urbana. Segundo Bernasconi, o
mercado no campo também é amplo. “É preciso projetar os sistemas de
transportes para escoamento de produções, construir portos, entre outras
demandas”, exemplifica.